"Há algo na alma selvagem que não nos permite sobreviver para sempre com migalhas. (...) Sabemos que não podemos subsistir de verdade se sorvermos a vida em goles mínimos." Clarissa P. Estés
terça-feira, 5 de novembro de 2013
SER PROFESSOR
Formação na escola com a Prof. Iselda
- O aluno não aprende o que o professor ensina, mas não aprenderia nada se não houvesse professor;
... não aprendemos com qualquer um, precisamos de vínculos primeiro. na escola é diferente... há uma intenção de ensinar.
- o professor deve ser acolhido e reconhecido na escola...
- o professor não ensina só conteúdos, ele é testemunho de vida;
PARABÉNS PROFESSORES!!
No dia 15 de outubro, comemora-se o dia do Professor. Este profissional que dedica a vida para ensinar, hoje em dia tem um grande papel social, pois está mais envolvido e engajado no exercício da profissão devido às mudanças em relação ao ensino. O dia do Professor teve origem no dia 15 de outubro de 1827, quando D. Pedro I institucionalizou o Ensino Elementar no Brasil. Este decreto discutia todos os direitos dos professores e como deveriam ser contratados. Mas somente no ano de 1947 esta data foi oficialmente criada. A ideia de fazer um feriado surgiu em São Paulo quando o Professor Salomão Becker decidiu reunir toda a classe dos trabalhadores para discutir os problemas da Profissão, dar inicio ao planejamento das aulas e trocar experiências. Com o passar dos anos, esta reunião fazia tanto sucesso que muitas escolas aderiram à ideia e assim, o dia 15 de outubro acabou se tornando feriado Nacional, proporcionando um dia de descanso a todos estes profissionais que trabalham com muito amor e dedicação. Parabéns Professores!
terça-feira, 16 de julho de 2013
AS 10 MELHORES TÉCNICAS DE ESTUDO
segundo a ciência...
Um estudo recentemente publicado em janeiro de 2013 na revista científica "Psychological Science in the Public Interest" avaliou dez técnicas comuns de aprendizagem para classificar quais possuem de fato a melhor utilidade. O resultado do "paper" traz algumas surpresas para o estudante. Técnicas bastante populares no Brasil, como resumir, grifar, utilizar mnemônicos, visualizar imagens para apreensão de textos e reler conteúdos foram classificadas como as de utilidade mais baixa. Três práticas foram encaradas como de utilidade moderada: interrogação elaborativa, auto-explicação e estudo intercalado. E as duas que obtiveram o mais alto grau de utilidade na aprendizagem foram as técnicas de teste prático e prática distribuída. É a ciência desaprovando boa parte do meu método de estudo, muito baseado em resumos, grifos, mnemônicos e mapas mentais. Por outro lado, foi confirmada a impressão que eu tinha de que a realização de exercícios em doses cavalares era extremamente efetiva para o estudo para concursos públicos. Lembre-se de que o ranking reflete os resultados do estudo, porém cada pessoa tem o seu estilo de estudo e nada está escrito em pedra. Dito isto, falemos agora sobre as dez técnicas, das piores para as melhores.
GRIFAR
Prepara-se para dar um descanso ao seu grifador amarelo. O estudo aponta que a técnica de apenas grifar partes importantes de um texto é pouco efetiva pelos mesmos motivos pelos quais é tão popular: praticamente não requer esforço. Ao fazer um grifo, seu cérebro não está organizando, criando ou conectando conhecimentos. Então, grifar só pode ter alguma (pouca) utilidade quando combinada com outras técnicas.
RELEITURA
Reler um conteúdo, em regra, é menos efetivo do que as demais técnicas apresentadas. O estudo, no entanto, mostrou que determinados tipos de leitura (massive rereading) podem ser melhores do que resumos ou grifos, se aplicados no mesmo período de tempo. A dica é reler imediatamente depois de ler, por diversas vezes.
MNEMÔNICOS
Segundo o dicionário Houaiss, mnemônico é algo relativo à memória; que serve para desenvolver a memória e facilitar a memorização (diz-se de técnica, exercício etc.); fácil de ser lembrado; de fácil memorização. Em apostilas e sites de concursos públicos, é muito comum ver o uso de mnemônicos com as primeiras letras ou sílabas, como SoCiDiVaPlu para decorar os fundamentos da República Federativa do Brasil (artigo 1º da Constituição). O estudo da "Psychological Science in the Public Interest" mostrou que os mnemônicos só são efetivos quando as palavras-chaves são importantes e quando o material estudado inclui palavras-chaves fáceis de memorizar. Assuntos que não se adaptam bem à geração de palavras-chave não conseguiram ser bem aprendidos com o uso de mnemônicos. Então, utilize-os em casos específicos e pouco tempo antes de teste.
VISUALIZAÇÃO
Os pesquisadores pediram que estudantes imaginassem figuras enquanto liam textos. O resultado positivo foi apenas em relação a memorização de frases. Em relação a textos mais longos, a técnica mostrou-se pouco efetiva. Surpreendentemente (ao menos para mim), a transformação das imagens mentais em desenhos também não demonstrou aumentar a aprendizagem e ainda trouxe o inconveniente de limitar os benefícios da imaginação. Isso não invalida completamente o uso de mapas mentais para estudos, já que esses consistem além de desenho a conexão de ideias e conceitos. De qualquer maneira, o resultado do estudo é que a visualização não é uma técnica efetiva para provas que exijam conhecimentos inferidos de textos.
RESUMOS
Resumir os pontos mais importantes de um texto com as principais ideias sempre foi uma técnica quase intuitiva de aprendizagem.O estudo mostrou que os resumos são úteis para provas escritas, mas não para provas objetivas. Embora tenha sido classificado como de utilidade baixa, a técnica de resumir ainda é mais útil do que grifar e reler textos. O paper diz que a técnica pode ser uma estratégia efetiva para estudantes que já são hábeis em produzir resumos.
INTERROGAÇÃO ELABORATIVA
A técnica de interrogação elaborativa consiste em criar explicações que justifiquem por que determinados fatos apresentados no texto são verdadeiros.O estudante devem concentrar-se em perguntas do tipo Por quê? em vez de O quê?. Seguindo o exemplo que demos pouco antes, em vez de decorar um mnemônico como SoCiDiVaPlu, o ideal seria perguntar-se por que o Brasil adota a dignidade da pessoa humana como fundamento da República? E buscar a resposta na origem do estado democrático de Direito e na adoção do princípio da dignidade da pessoa humana pelas principais democracias ocidentais após a Revolução Francesa. Note que esse tipo de estudo requer um esforço maior do cérebro, pois concentra-se em compreender as causas de determinado fato, investigando suas origens. Falando especificamente de concursos públicos, a interrogação elaborativa é um grande diferencial na hora de responder redações e questões discursivas.
AUTO-EXPLICAÇÃO
A auto-explicação mostrou-se ser uma técnica útil para aprendizagem de conteúdos mais abstratos. Na prática, trata-se de ler o conteúdo e explicá-lo com suas próprias palavras para você mesmo. O estudo mostrou que a técnica é mais efetiva se utilizada durante o aprendizado, e não após o estudo.
ESTUDO INTERCALADO
O estudo intercalado é o que chamamos de rotação de matérias em posts anteriores. A pesquisa procurou saber se era mais efetivo estudar tópicos de uma vez ou intercalando diferentes tipos de conteúdos de uma maneira mais aleatória. Os cientistas concluíram que a intercalação tem utilidade maior em aprendizados envolvendo movimentos físicos e tarefas cognitivas (como ciências exatas). O principal benefício da intercalação, como já havíamos observado, é fazer com que a pessoa consiga manter-se mais tempo estudando.
TESTE PRÁTICO
Realizar testes práticos sobre o que você está estudando é uma das duas melhores maneiras de aprendizagem. A pesquisa científica mostrou que realizar testes práticos é até duas vezes mais eficiente do que outras técnicas. No caso específico de concursos públicos, a recomendação é fazer toneladas de exercícios de provas anteriores. Não apenas do cargo para o qual você está estudando, mas qualquer tipo de questão que encontrar pela frente. Como já recomendamos anteriormente, a maneira mais fácil de realizar testes é utilizando sistemas específicos para isso, como o site Questões de Concursos.
PRÁTICA DISTRIBUÍDA
A prática distribuída consiste em distribuir o estudo ao longo do tempo, em vez de concentrar toda a aprendizagem em um bloco só (a.k.a. na véspera da prova). Pesquisas mostram que o tempo ótimo de distribuição das sessões de estudo é de 10% a 20% do período que o conteúdo precisa ser lembrado. Por essa conta, se você quer lembrar algo por cinco anos, você deve espaçar seu aprendizado a cada seis meses. Se quer lembrar por uma semana, deve estudar uma vez por dia. A prática distribuída também pode ser interpretada como a distribuição do estudo em pequenos períodos ao longo do dia, intervalando com períodos de descanso. Por exemplo, uma hora de manhã, uma hora à tarde e outra hora à noite.
Fonte: www.mude.nu
Link Reportagem: http://bit.ly/11s8cXj
sexta-feira, 5 de julho de 2013
OS FILHOS CRESCEM...
"Tudo
vai passar.
Eles vão crescer e dispensar nosso colo.
Vai chegar a fase em que os amigos serão mais importantes que os pais.
Que nossas demonstrações de afeto serão consideradas um grande mico.
Que em vez de torcemos para que eles durmam, torceremos pra que cheguem logo em casa.
Que não se interessarão pelos velhos brinquedos.
Que o alvoroço na hora do almoço, dará lugar a calmaria.
Que os programas em família serão menos atrativos que o churrasco com a turma.
Que dirão coisas tão maduras que nosso coração irá se apertar.
Que começaremos a rezar com muito mais freqüência.
Que morreremos de saudade de nossos bebês crescidos.
Por isso...
Viva o agora.
Releve as birras.
Conte até 10.
Faça cosquinhas.
Conte histórias.
Dê abraços de urso.
Deite ao lado deles na cama.
Abrace-os quando tiverem medo.
Beije os machucados.
Solte pipa.
Brinque de boneca.
Faça gols.
Comemorem.
Divirtam-se.
Acorde cedo aos domingos pra aproveitar mais o dia.
Rezem juntos.
Estimule-os a cultivar amizades.
Faça bolos.
Carregue-os no colo.
Faça com que saibam o quanto são amados.
Passem o máximo de tempo juntos...
...assim quando eles decidirem partir para seus próprios vôos, você ainda terá tudo isso guardado no coração!"
Eles vão crescer e dispensar nosso colo.
Vai chegar a fase em que os amigos serão mais importantes que os pais.
Que nossas demonstrações de afeto serão consideradas um grande mico.
Que em vez de torcemos para que eles durmam, torceremos pra que cheguem logo em casa.
Que não se interessarão pelos velhos brinquedos.
Que o alvoroço na hora do almoço, dará lugar a calmaria.
Que os programas em família serão menos atrativos que o churrasco com a turma.
Que dirão coisas tão maduras que nosso coração irá se apertar.
Que começaremos a rezar com muito mais freqüência.
Que morreremos de saudade de nossos bebês crescidos.
Por isso...
Viva o agora.
Releve as birras.
Conte até 10.
Faça cosquinhas.
Conte histórias.
Dê abraços de urso.
Deite ao lado deles na cama.
Abrace-os quando tiverem medo.
Beije os machucados.
Solte pipa.
Brinque de boneca.
Faça gols.
Comemorem.
Divirtam-se.
Acorde cedo aos domingos pra aproveitar mais o dia.
Rezem juntos.
Estimule-os a cultivar amizades.
Faça bolos.
Carregue-os no colo.
Faça com que saibam o quanto são amados.
Passem o máximo de tempo juntos...
...assim quando eles decidirem partir para seus próprios vôos, você ainda terá tudo isso guardado no coração!"
terça-feira, 2 de julho de 2013
Alfabetização e seus Métodos
O processo de alfabetização é mais
complexo do que se imagina, pois é a partir dele que milhares de pessoas
aprendem a ler e escrever. O mais preocupante é que para se alfabetizar
usa-se métodos como o tradicional que engloba o analítico e sintético, e
construtivista. A dúvida é, qual deles seria mais indicado para
alfabetizar, criar alunos capazes de construir seu próprio conhecimento,
ser participante e crítico na sociedade.
A alfabetização teria que partir do
pressuposto de que alfabetizar não é apenas ensinar a ler e escrever
através de um método que a cartilha propõe, e sim formar alunos críticos
e capazes de interagir na sociedade, propiciar aos alunos caminhos para
que eles aprendam, de forma consciente e consistente, os mecanismos de
apropriação de conhecimentos. Assim como a de possibilitar que os alunos
atuem, criticamente em seu espaço social.
Palavras Chave: Alfabetização, métodos, cartilha.
1. Introdução:
O objetivo principal deste artigo é
discutir e refletir sobre o espaço ocupado pela cartilha nas salas de
aula de primeira série. Mostrando a importância atribuída à cartilha
pelo professor de alfabetização e o uso que se faz desse material em
sala de aula.
Geralmente o método de ensino das
cartilhas são feitas por etapas exigindo que os alunos a sigam, de
acordo com sua ordem, usando palavras chaves, e sílabas geradoras, ou
seja, o famoso método do “bá-bé-bi-bó-bu”. Cada capítulo da cartilha
apresenta uma unidade silábica, as lições são organizadas do mais fácil
para o mais difícil e finaliza com um texto que resume tudo o que ela
tentou ensinar.
São quatro os métodos de alfabetização
tratados neste artigo, que são os métodos tradicional que abrangem o
sintético e analítico e o método construtivista. Porém será feita a
análise de apenas dois dos mais importantes métodos o tradicional e o
construtivista.
As cartilhas chamadas de métodos
construtivistas tendem a conter o ensino mais claro e objetivo, pois
trata o aluno como um ser pensante. Ou seja, levando-o a pensar e agir
por si próprio, esta cartilha não se preocupa com a perfeição da
ortografia, não se prende a escrita, e sim, com a interação no seu
aprendizado, sendo um aluno participativo e critico.
Já a cartilha do método tradicional, tem
seu ensino baseado na ortografia perfeita, ensinada através de regras
gramaticais, confundindo ainda mais a aprendizagem do aluno, e deixando
às vezes seus textos escritos de forma ortograficamente correta, porém
sem sentido. A cartilha de método tradicional cria seus próprios ideais,
que o aluno tem por obrigação segui-lo, aprendendo uma lição após a
outra.
Pode-se perceber o quanto é confuso e
difícil à aprendizagem através da cartilha, pois por mais que a cartilha
seja considerada do método construtivista ela sempre terá alguma
atividade do método tradicional desestabilizando o processo de
aprendizagem da criança. Não existe uma cartilha cem por cento
tradicional e ou construtivista, ela sempre será mista.
Esse recurso didático tende a absorver e
centralizar o trabalho de alfabetização, na medida em que essa prática
se encontra pautada e direcionada pela cartilha, tornando duradoura a
concepção de ensino de língua escrita que cristaliza e neutraliza a
linguagem, deslocando sua dimensão de interação, e construtivista do
conhecimento. Espera-se que os resultados deste estudo possam somar-se a
outros na área da alfabetização e venham a contribuir para uma reflexão
dos professores de alfabetização, sobre a necessidade de um
redimensionamento do uso das cartilhas.
2. Referencias teóricas
2.1 Alfabetização
Jaqueline Moll em seu livro
“Alfabetização Possível”, diz que a alfabetização é um processo
mecânico, na qual ” ‘alfabetizar-se’ está vinculado a habilidades de
codificação (ou representação escrita de fonemas em grafemas) e
decodificação (ou representação oral de grafemas em fonemas)”. Ou seja, a
representação da fala oral em escrita, e o inverso, a representação da
fala escrita em oral. Tanto a leitura quanto a escrita são vistas como
decifração de códigos.
As alfabetizações nos dias atuais
persistem na repetição excessiva de exercícios visando à memorização de
letras, silabas para formação de palavras, frases e textos, e a
assimilação da criança, de que há uma ligação correspondente entre fala e
a escrita.
Alfabetização é muito mais que
decodificação e codificação de códigos, a alfabetização é a relação
entre aluno e seu conhecimento de mundo.
O processo de alfabetização se inicia
muito antes da criança entrar na escola, pois antes disso ela já possui
contato com seu meio social, que lhe permite adquirir conhecimentos como
a própria linguagem verbal, entre outros.
Enfim, alfabetização é aprender ler e escrever, para fazer parte do meio social.
2.2 Método de alfabetização.
Com a necessidade de saber como se da o
processo de aprendizagem de leitura e escrita, surgiram os métodos de
alfabetização, que impões regras que devem ser seguidas pela criança a
ser alfabetizada.
Os métodos de alfabetização evoluem
fazendo o avanço do conhecimento de acordo com as necessidades sociais,
pois com a evolução da sociedade, cada vez mais vai se exigindo um tipo
de letrado diferente.
E com todas as evoluções surgiram vários métodos de alfabetização como: o método tradicional que incorpora o método sintético e analítico e por fim o método construtivista.
Alguns desses métodos colocam em risco o
processo e capacidade de aprendizagem do aluno por passar insegurança
tanto para o aluno quanto para os professores, por isso se percebe, que
apesar de ser muito usado e de uma certa forma ter alfabetizado milhões
de pessoas, esses métodos de alfabetização consistem na memorização do
que é ensinado, colocando em dúvida a qualidade do aprendizado do aluno.
2.3 Método tradicional
O método tradicional de alfabetização é
centrado no professor, que tem a função de “vigiar o aluno”. Ou seja,
observar se o aluno está seguindo a risca o que lhe foi pedido.
Esta metodologia tem a concepção de que a
aula deve acontecer apenas dentro da sala, em que o professor ensina a
matéria, passa os exercícios, e depois a corrige, seguindo com a matéria
à frente, fazendo sempre a mesma coisa, tornando a aula mecanizada,
dando a entender que o aluno só irá aprender através do conhecimento do
professor.
Este tipo de aula faz com que o aluno
aprenda através de repetições de exercícios com exigência do uso da
memória, levando o aluno a decorar e não aprender, e como conseqüência a
escola forma alunos desinteressados, desmotivado pelos estudos.
O método tradicional tem seu aprendizado
de forma dividida, ou melhor, por partes, primeiro aprende as vogais,
depois as sílabas até chegar às palavras e as frases, para daí por
diante construir textos. Como o que importa é a montagem silábica, e não
o conteúdo surge frases com poucos sentidos do tipo “O rato roeu a
roupa do rei de Roma” ou “A menina gosta de rosa e boneca”.
O aluno só consegue produzir textos
depois de dominar boa parte da família silábica e o processo de formação
das palavras, criando assim textos sem sentidos, pois o aluno nesse
momento está preocupado com a escrita ortográfica e não com o sentido
lógico do seu texto.
Há uma valorização maior no uso das
cartilhas e uma preocupação com a quantidade, esquecendo assim da
qualidade. O professor fala o aluno ouve e aprende. Não deixa o aluno
ser participativo na construção de sua própria aprendizagem. Muitas
vezes não leva em consideração o que a criança aprende fora da escola,
seus esforços espontâneos, a construção coletiva, e o que é pior, muitas
vezes, ignora o meio social o conhecimento de mundo que o aluno trás de
fora para dentro da escola.
Neste método tradicional a cartilha
muitas vezes é o único material de trabalho, os textos para leitura são
curtos com frases simples desvinculados da linguagem oral, buscam o uso
das sílabas já estudadas. Raramente usam materiais extras, como
revistas, jornais, livros de história e músicas.
Este método sobrecarrega o aluno com
informações, que muitas vezes não conseguem entendê-los tornando o
processo de aquisição do conhecimento, muitas vezes burocrático, e sem
significação. Mantendo uma postura conservadora.
O seu processo de alfabetização,
apóia-se nas técnicas de codificar e decodificar da escrita. A escrita
da criança em fase de alfabetização não é levada em conta, sendo a
cartilha seqüencialmente seguida, formando assim a base do processo de
alfabetização.
O método tradicional de alfabetização
procura desenvolver as habilidades básicas que a criança deve ter para
tornar-se um leitor habilidoso. Porém, somente a presença dessas
habilidades não garantem sua utilização em tarefas mais complexas, como a
leitura de um livro, a escrita de um poema, ou mesmo a execução correta
de receitas culinárias. O contexto social que incentiva o interesse em
aprender, independentemente da educação formal é a chave para a
utilização dessas habilidades em qualquer atividade humana,
especialmente as que envolvem a leitura e a escrita.
2.4 Método sintético
O método sintético estrutura-se dentro
da teoria do behaviorismo, e é considerado um dos mais rápidos, simples e
antigo método de alfabetização, podendo ser aplicado a qualquer tipo de
criança.
Insiste fundamentalmente numa correspondência entre o oral e o escrito, entre o som e a grafia.
O seu ensino, inicia-se de um grau de
dificuldade mais simples percorrendo até chegar a um mais complexo, ou
seja, o sistema de ensino parte das partes para um todo.
A criança para iniciar nesse método de
alfabetização, primeiro domina o alfabeto (letra por letra), depois as
sílabas, as palavras, frases e finalmente os textos. E este método não
permite que a criança prossiga para uma nova fase se não dominar a que
está.
O método sintético, foca seu ensino em
lê letra por letra, ou sílaba por sílaba, e palavra por palavra,
acarretando em pausas durante a leitura, motivando o cansaço e
prejudicando o ritmo e a compreensão da leitura.
Baseando-se no ponto de vista mental, o
indivíduo é capaz de perceber os símbolos gráficos de uma forma geral,
ou melhor, como um todo, dando-lhes significados, para posteriormente
ser capaz de analisar suas partes. O método sintético leva o aluno a
perceber partes isoladas, sem significação, impedindo sua compreensão e
percepção da leitura.
A aprendizagem pelo método sintético, é
feita através da memorização e repetição, de uma certa forma acaba
prejudicando o aluno, pois impede que ele consiga pensar e agir por si
próprio, ou melhor, de produzir seus textos e seus conhecimentos através
de sua imaginação, pois ele é alfabetizado por regras que devem ser
seguidas passo-a-passo, traz um conhecimento pronto faltando apenas por
em prática. Com isso, o aluno tem dificuldades de compreender e criar
textos, o prazer pela leitura dura pouco, porque logo o aluno consegue
dominar a leitura e a escrita deixando de ser algo novo em sua vida,
oferece um vocabulário pobre e restrito, o método sintético considera a
língua escrita um objeto de conhecimento externo ao aprendiz.
Ainda nesse método, podemos encontrar
alguns conceitos positivos, como os de alunos adquirem a ortografia
perfeita por ser um ensino de regras e repetições, ele consegue com o
tempo fazer sua tarefa sozinho, e por fim, permitir a compreensão da
língua.
2.5 Método analítico
O método analítico se desenvolve a
partir da teoria do “sincretismo infantil” que foi fundamentado pela
teoria da gestalt, e acredita que a aprendizagem se dá pelo insight.
O método analítico tem por objetivo,
fazer com que as crianças compreendam o sentido de um texto, não ensina a
leitura através da silabação, incentiva os alunos a produção de textos
prestando atenção ao uso da pontuação, estimula a leitura e deixa o
aluno à vontade para expor suas idéias. Este método ajuda a criança no
desenvolvimento e organização de seus pensamentos.
Do ponto de vista lingüístico, neste
método o ensino deve começar por um nível menos complexo, para aos
poucos ir dando continuidade para um nível mais avançado, pois a língua
falada é bem diferente da língua escrita, e a criança no inicio de sua
aprendizagem se baseia na língua falada para desenvolver a língua
escrita e isso só confunde a cabeça da criança por elas serem bem
diferentes.
Partindo do ponto de vista mental, o
método analítico é um método constituído por palavração (leitura de
palavra por palavra), e que assim como os métodos tradicionais e
sintéticos trabalham com elementos isolados, o que não favorece para a
compreensão de um texto, tornando-se cansativo e desestimulante, por
impedir que a criança possa entender o texto como um todo.
2.6 Método construtivista
Este método construtivista é um dos mais
indicados e usados para alfabetização, por permite que a própria
crianças construam seus conhecimentos de acordo com seu desenvolvimento
cognitivo, pode ser aplicado de forma individual ou coletiva, trabalha
com o conhecimento que a criança traz para escola, faz a união da língua
falada, escrita e a leitura em um único processo, e pode ser aplicado a
qualquer criança. E a partir deste método a criança se sentirá mais
segura e será capaz de criar seu próprio conhecimento tornando-se um
aluno consciente e responsável.
O método construtivista baseia-se nas
pesquisas de Jean Piaget, sobre a construção do conhecimento, afirmando
que este é o resultado da construção do próprio indivíduo. Essas
conclusões são derivadas das suas pesquisas sobre “a origem e evolução
da inteligência” que também se constrói na interação do sujeito com o
mundo, considerando os fatores biológicos, experiências físicas, a troca
social, e os processos de equilíbrio e desequilíbrio.
A aprendizagem da criança começa muito
antes da aprendizagem escolar, a criança antes de entrar na escola já
possui alguns conhecimentos como, por exemplo, a linguagem verbal. Toda
aprendizagem na escola tem uma pré-história, a atividade de criar é uma
manifestação exclusiva do ser humano que tem a capacidade de criar algo
novo a partir de um conhecimento já existente. Através da memória o ser
humano pode imaginar situações futuras e formar outras imagens a partir
dela. Com isso, ação de criar deixa clara que o indivíduo pode e deve
sempre estar criando algo novo a partir de seus conhecimentos
pré-existentes, buscando através do imaginário e da fantasia, um
equilíbrio, bem como a construção de algo novo. E é nisso que o método
construtivista consiste em o aluno construir seu próprio conhecimento.
Do ponto de vista lingüístico o
construtivismo deixa claro que para se aprender algo tem que praticar.
Ou seja, para aprender a ler tem que ler e a escrever tem que escrever,
para isso não são necessários métodos, por exemplo, para aprendemos a
falar não tivemos que seguir um método, para ler e escrever não deve ser
diferente.
O método construtivista possui muitas
vantagens, pois incentiva a criança a expressar o que sente, e a
escrever e falar o que pensa, desperta a curiosidade e leva o aluno a
buscar soluções para resolução de seus problemas, tornando-o um aluno
critico e capaz de responder pelos seus atos, estimula também o ato da
leitura e escrita, trabalha com a língua escrita com todas as
dificuldades que nela existe a partir da produção de texto do próprio
aluno, no processo de aprendizagem da escrita não exige a ortografia e a
sintaxe perfeita, dá valor à interação dos alunos em grupo, enfim, o
método construtivista, não tem uma regra básica a ser seguida, pois
parte da idéia de que o ensino tem que se basear na vivência de vida que
o aluno trás para escola.
3. A escrita
Escrever e diferente de falar, o aprendizado da escrita requer tempo, paciência e maturidade.
As crianças quando vão para escola
conhecem muitas coisas sobre o sistema da comunicação verbal, e isso
ajuda muito no seu aprendizado da escrita.
Uma das tarefas principais da
alfabetização é ensinar o aluno a escrever, e a escrita passa a ser algo
novo na vida da criança, por isso que se deve ter uma atenção especial a
ela, não dando atenção para a forma ortográfica da escrita, e sim, ao
modo de como a criança escreve.
A leitura tem um objetivo que é a
compreensão do leitor, e o objetivo da escrita é a comunicação, que dá
acesso a leitura. Escrita e Leitura estão ligados um ao outro, ou
melhor, um depende do outro, porém a sua forma de uso é que são
diferentes.
João Batista A. Oliveira no livro ABC do
Alfabetizador, diz que “Mesmo sendo atividade paralela à leitura, a
aprendizagem da escrita possuí características e objetivos específicos
que devem ser ensinados de forma paralela, porém separada e autônoma do
ensino da leitura” Para escrever o aluno ouve um som e tenta codificar
esse som em letra para escrever as palavras.
As formas de escrita são diversas, ela
possui inúmeras grafias, o que pode acarretar em confusão na
aprendizagem da criança, pois de uma para outra há uma diferença
considerável, e para que não se tenha problema na aprendizagem do aluno é
muito importante que o alfabetizador esteja atendo.
3.1 O sistema de escrita
Como Cagliari diz em seu livro
“Alfabetização & Lingüística”, “A escrita tem como objetivo a
leitura. A leitura tem como objetivo a fala. A fala é a expressão
lingüística e se compõe de unidades, de tamanho variável, chamadas signo
se que se caracterizam em sua essência pela união de um significado a
um significante”.
Os sistemas de escrita podem ser
divididos em dois, o primeiro em escrita ideográfica que se baseia no
significado e o segundo em escrita fonográfica que é o sistema de
escrita baseado no significante.
O sistema de escrita que se baseia no significado
para ser entendido depende da formação sócio cultural do individuo,
pois é através desse conhecimento que ele conseguirá decifrar a idéia ou
mensagem que o sistema estará tentando passar. Esses sistemas são
representados por sinais de transito, logotipos e logomarcas de empresas
e produtos, são também obras de artes, entre outros, e é por isso que
sua decifração depende da formação sócio cultural, pois cada um pode
interpretar de uma forma diferente.
Já ó sistema baseado no significante para ser decifrado depende exclusivamente do elemento sonoro de uma língua, dependendo da língua padrão que se fala.
Os sistemas de escrita possuem sons de
uma língua, e como já sabemos nossa língua vive em constantes mudanças, e
com isso a forma de pronuncia a forma fônica da palavra muda, e assim
como ela vai perdendo seu uso, vai ficando difícil de entendê-la.
Os dois tipos de escrita exigem certa
habilidade do leitor, a escrita ideográfica para ser entendia exige a
habilidade lexical, e a escrita fonográfica exigem a interpretação
semântica.
3.2. Desenho na alfabetização
Muitos desenhos que as crianças produzem
podem representar a tentativa de escrita. Esses desenhos são uma forma
de construir, organizar, registrar, expressar seu saber, pode
representar noção de espaço, tempo, cores e até mesmo noção
sócio-cultural.
Os desenhos que as crianças produzem não
podem ser considerados, como algo sem significação, isolado,
descontextualizado, pois quando ela desenha algo, ela insere em um
contexto que pode estar vivenciando, ou até que seja de sua imaginação.
Esses desenhos podem ser pequenos
rabiscos que se misturam entre linhas retas e curvas, e o significado da
escrita só a criança pode decifrar, pois é uma representação do que ela
imagina o que seja escrita.
Cada criança tem uma expectativa e
desempenho na aprendizagem da escrita e leitura, é preciso conhecer a
criança e o meio social em que ela vive para tentar decifrar e entender a
sua tentativa de escrita.
3.3. Processo de construção de leitura e escrita.
O processo de construção de leitura e
escrita são processos que andam juntos, um depende do outro para dar sua
significação. Quando a criança inicia no processo de aprendizagem de
leitura e escrita ela consegue identificar que números representam
quantidades e as letras formam palavras, e através delas podem expor
suas idéias. E é a partir daí que elas começam a perceber a diferença
que há entre escrita e leitura.
A escrita é uma representação gráfica onde é possível registrar idéias e opiniões.
A leitura deve ser feita como um todo do
texto e não por partes, quando pegamos um texto, podemos saber do que
se trata quando lemos o título, ou algumas palavras chaves contidas no
texto.
É necessário que os alunos tenham
contato diário com todo tipo de material escrito na escola para que
possam cada vez mais, fazer descobertas sobre as palavras, e ficar
curioso sobre elas, sobre seus significados usos e ortografia.
È preciso que incentivem e faça o aluno a
ver o quanto é importante o ato da leitura e da escrita, fazer com que
eles se interessem a praticá-las, pois só assim eles aprenderam e
encontrarão a melhor forma de aprender ler e escrever.
É importante, que o aluno saiba o quê escreve e para que está escrevendo, ou seja, toda produção escrita deve ter um objetivo.
Através da escrita e da leitura, o aluno
tem possibilidades de expor criticamente sua relação com o mundo e com o
outro. Se a escola permitir o acesso de diferentes leituras, estará
automaticamente favorecendo a aquisição da leitura e da escrita de seus
alunos.
4. Apresentação do corpus
No presente artigo, serão apresentadas e
analisadas duas cartilhas, que se distinguem nos seus métodos de
alfabetização. Uma cartilha parte da idéia de que alfabetizar é apenas
ensinar ler e escrever através das tarefas que elas propõem que são as
cartilhas do método tradicional, e a outra é a cartilha dita do método
construtivista que parte do pressuposto de que para alfabetizar não é
necessário ensinar por partes e sim como um todo, e para isso deve-se
haver uma interação em grupos.
50 QUESTÕES BÁSICAS SOBRE O CONSTRUTIVISMO
Revista NOVA ESCOLA
1 — O que é o construtivismo?
É o nome pelo qual se tomou conhecida
uma nova linha pedagógica que vem ganhando terreno nas salas de aula há
pouco mais de uma década. As maiores autoridades do construtivismo,
contudo, não costumam admitir que se trate de uma pedagogia ou método de
ensino, por ser um campo de estudo ainda recente, cujas práticas, salvo
no caso da alfabetização, ainda requerem tempo para amadurecimento e
sistematização.
2- Em que se distingue a pedagogia construtivista, em linhas gerais?
O construtivismo propõe que o aluno
participe ativamente do próprio aprendizado, mediante a experimentação, a
pesquisa em grupo, o estímulo à dúvida e o desenvolvimento do
raciocínio, entre outros procedimentos. Rejeita a apresentação de
conhecimentos prontos ao estudante, como um prato feito, e utiliza de
modo inovador técnicas tradicionais como, por exemplo, a memorização.
Daí o termo “construtivismo”, pelo qual se procura indicar que uma
pessoa aprende melhor quando toma parte de forma direta na construção do
conhecimento que adquire. O construtivismo enfatiza a importância do
erro não como um tropeço, mas como um trampolim na rota da aprendizagem.
O construtivismo condena a rigidez nos procedimentos de ensino, as
avaliações padronizadas e a utilização de material didático
demasiadamente estranho ao universo pessoal do aluno.
3 — Com base em que o construtivismo adota tais praticas?
Com base nos estudos do psicólogo suíço
Jean Piaget (1896-1980),. a maior autoridade do século sobre o processo
de funcionamento da inteligência e de aquisição do conhecimento. Piaget
demonstrou que a criança raciocina segundo estruturas lógicas próprias.
que evoluem conforme faixas etárias definidas, e são diferentes da
lógica madura do adulto. Por exemplo: se uma criança de 4 ou 5 anos
transforma uma bolinha de massa em salsicha. ela conclui que a salsicha.
por ser comprida, contém mais massa do que a bolinha. Não se trata de
um erro, como se julgava antes de Piaget, mas de um raciocínio
apropriado a essa faixa etária. O construtivismo procura desenvolver
práticas pedagógicas sob medida para cada degrau de amadurecimento
intelectual da criança.
4 — Piaget criou o construtivismo?
Nada mais falso. Ao contrário do que muitos imaginam, ele nunca se preocupou em formular uma pedagogia: dedicou a
vida a investigar os processos da inteligência. Outros especialistas é
que se valeram das suas descobertas para desenvolver propostas
pedagógicas inovadoras.
5 — De onde vem, então, o construtivismo?
Quem adotou e tornou conhecida a
expressão foi uma aluna e colaboradora de Piaget. a psicóloga Emilia
Ferreiro. nascida na Argentina em 1936 e que atualmente mora no México.
Partindo da teoria do mestre, ela pesquisou a fundo, e especificamente. o
processo intelectual pelo qual as crianças aprendem a ler e a escrever,
batizando de construtivismo sua própria teoria.
6 — Então é ela a autora da pedagogia construtivista?
Não. A exemplo de Piaget, Emilia se
limitou a desenvolver uma teoria científica. Outros especialistas é que
vêm utilizando suas descobertas, assim como as de Piaget. para formular
novas propostas pedagógicas. No começo, o nome construtivismo se
aplicava só à teoria de Emilia. Com o tempo, passaram a ser chamadas de
construtivistas as novas propostas pedagógicas inspiradas em sua teoria,
a própria teoria de Piaget e ate mesmo pedagogias anteriores, porem
compatíveis, como a do educador soviético Lev Vigotsky (1896-1934).
7 — O que a teoria de Emilia Ferreiro sustenta?
A pesquisadora aplicou a teoria mais
geral de Piaget na investigação dos processos de aprendizado da leitura e
da escrita entre crianças na faixa de 4 a 6 anos. Constatou que a
criança aprende segundo sua própria lógica e segue essa lógica até mesmo
quando ela se choca com a lógica do método de alfabetização. Em resumo,
as crianças não aprendem do jeito que são ensinadas. A teoria de Emilia
abriu aos educadores a base científica para a formulação de novas
propostas pedagógicas de alfabetização sob medida para a lógica
infantil.
8 — Qual é a lógica infantil na alfabetização, segundo Emilia Ferreiro?
A pesquisadora constatou uma sequência
lógica básica na faixa de 4 a 6 anos. Na primeira fase, a pré-silábica. a
criança não consegue relacionar as letras com os sons da língua falada e
se agarra a uma letra mais simpática para “escrever”. Por exemplo, pode
escrever Marcelo como MMMMM ou AAAAAA. Na fase seguinte, a silábica, já interpreta
a letra à sua maneira, atribuindo valor silábico a cada uma (para ela.
MCO pode ser a grafia de Mar-ce-lo. em que M=mar, C=ce e 0=l0). Um
degrau acima, já na fase silábico-alfabética, mistura a lógica da fase
anterior com a identificação de algumas sílabas propriamente ditas. Por
fim, na última fase, a alfabética, passa a dominar plenamente o valor
das letras e silabas.
9 — O construtivismo se aplica somente à alfabetização infantil?
Não. Ainda se encontra muito vinculado à
alfabetização, porque foi por essa área que começou a ser desenvolvido,
a partir da base teórica proporcionada por Emilia Ferreiro. Contudo,
práticas construtivistas, devidamente adaptadas, já estão bastante
difundidas até a quarta série do primeiro grau. A partir da quinta
série, porém, quando cada disciplina passa a ser ministrada por um
professor especializado, tais práticas são menos utilizadas, até pela
relativa escassez ainda registrada de pesquisas teóricas equivalentes às
de Emilia.
10 — Por que o construtivismo faz restrições à “prontidão” na alfabetização infantil?
Com base nas teorias de Piaget e Emilia
Ferreiro, os construtivistas consideram inútil a prontidão, ou seja, o
treinamento motor que habitualmente se aplica às crianças como
preparação do aprendizado da escrita. Para eles, aprender a ler e
escrever é algo mais amplo e complexo do que adquirir destreza com o
lápis.
11 — O aluno formado pelo construtivismo fica bom de raciocínio, com mais senso crítico, porém mais fraco de conhecimentos?
Não é bem assim. Os construtivistas
insistem em que, embora o construtivismo enfatize o processo de
aprendizagem, este não ocorre desligado do conteúdo: simplesmente não há
como formar um indivíduo crítico no vazio. Portanto, a aquisição de
informações é fundamental.
12— Como o construtivismo
transmite o conhecimento não passível de ser “construído” pelo aluno,
como nomes de cidades ou de presidentes?
O construtivismo estimula a descoberta
do conhecimento pelo aluno. Evita afogá-lo com informações prontas e
acabadas, mas quando necessário não hesita em valer-se da memorização.
Neste caso, a professora deve escolher o momento oportuno e criar
situações interessantes para transmitir esses conhecimentos, fugindo
assim da rigidez da prática tradicional.
13 — O construtivismo requer mais atenção individual ao aluno do que outras linhas de ensino?
Sim, mas não com a obsessão que às vezes
se imagina. Se o construtivismo admite que cada aluno tem o seu
processo particular de aprendizagem, a professora deve conhecê-lo,
acompanhá-lo e fazer as intervenções adequadas. Mas isso não quer dizer
centralização total, ao contrário. O construtivismo valoriza muito o
intercâmbio entre os alunos e o trabalho de grupo, em que a professora
tem uma presença motivadora e menos impositiva.
14 — Como a professora pode dar atenção individualizada em classes de 30 ou 40 alunos?
O ideal é que as classes não sejam tão
numerosas. Mas, de qualquer modo, vale a alternativa de trabalhar com
duplas ou trios, agrupando as crianças por habilidades parecidas ou
opostas, a critério da professora. No construtivismo, a professora
aproveita a individualidade de cada aluno para o enriquecimento do
grupo.
15 — Por que o construtivismo contesta o ensino dirigido?
Não é bem isso. O construtivismo
considera a sistematização do ensino necessária, mas aplicada com bom
senso e flexibilidade. Contesta, sim, que o currículo seja uma imposição
unilateral, uma camisa-de-força, com etapas rígidas, sucessivas e
inalteráveis. Não se aprende por pedacinhos, mas por mergulhos em
conjuntos de problemas que envolvem vários conceitos ao mesmo tempo,
afirmam os construtivistas.
16 — Por que a alfabetização construtivista rejeita o uso da cartilha?
Primeiro, porque a cartilha prevê etapas
rígidas de aprendizagem, coisa que o construtivismo descarta. Segundo.
porque os construtivistas acham que a linguagem geralmente usada nas
cartilhas (“Bá-bé-bi”. “Ivo viu a uva” etc.) é padronizada, artificial,
distante do mundo conhecido pela criança.
17— Por que o construtivismo faz restrições aos livros didáticos?
Pelo fato de a maioria deles apresentar o
conhecimento em sequência rígida, prevendo uma aprendizagem de
conceitos baseada na memorização.
18— E ao ensino da tabuada?
O caso é diferente. A memorização é
essencial para agilizar o cálculo mental, mas isso deve ocorrer após o
aluno compreender o significado das operações aritméticas, como a
multiplicação. O que os construtivistas não aceitam é a memorização
puramente mecânica. conhecida como “decoreba”.
19— E a restrição ao ensino de regras gramaticais?
O construtivismo contesta que o ensino
da gramática seja o meio para se levar o aluno a entender e dominar o
processo de escrever corretamente. Isso se adquire praticando a escrita,
mesmo com erros gramaticais. A medida que o aluno vai dominando a
escrita é que se passa a ensinar-lhe a gramática. As regras identificam
certas regularidades da língua, mas para entendê-las é preciso tê-las
percebido na prática.
20 — Por que o construtivismo, em geral, não aceita o uso de fórmulas, como as de matemática e as de sintaxe?
Não é que não aceite. A restrição é ao
ensino de fórmulas como se fossem os conteúdos, pois elas não passam de
esquemas sintéticos muito mais abstratos. A fórmula, em si mesma, não é o
núcleo do conhecimento, mas aquilo que o sustenta.
21 — Qual é o papel da professora no construtivismo e em que difere do ensino tradicional?
Em vez de dar a matéria, numa aula
meramente expositiva, a professora organiza o trabalho
didático-pedagógico de modo que o aluno seja o co-piloto de sua própria
aprendizagem. A professora fica na posição de mediadora ou facilitadora
desse processo.
22 — O que é necessário para ser uma boa professora construtivist
Mentalidade aberta, atitude
investigativa. desprendimento intelectual, senso crítico, sensibilidade
às mudanças do mundo combinada com iniciativa para torná-las
significativas aos olhos dos alunos e flexibilidade para aceitar a si
mesma em processo de mudança contínua. Ela precisa dar mais de si e
precisa estar o tempo todo se renovando, para sustentar uma relação com
os alunos que não se baseia na autoridade. mas na qualidade.
23 — A professora construtivista precisa de uma orientadora pedagógica?
Sim. A orientadora é importante, não
para tutelar a professora, mas para servir de interlocutora com quem ela
possa refletir sobre sua prática.
24 — É possível ser construtivista em uma escola tradicional?
Em geral, o projeto pedagógico de uma
escola tradicional não favorece nem leva em conta o trabalho de uma
professora que resolva tocar em outro tom. Embora seja difícil manter
uma proposta individual num ambiente alheio a mudanças, há muitos casos
assim. Além disso, deve-se considerar o fato de que é difícil uma escola
passar a ser construtivista num só golpe. Isso ocorre de maneira
paulatina, até porque o construtivismo, do mesmo modo que respeita os
processos de transformação por que passam os alunos, também deve
respeitar o das próprias professoras
25 — Existem manuais que ensinem a ser construtivista
Manuais, com tudo mastigado, não. Mas
não falta material de apoio para que a professora comece a olhar seu
trabalho de outro modo (leia bibliografia ao final deste texto). O
fundamental, de qualquer maneira. é a prática. Calcula-se que são
necessários ao menos dois anos de prática em classe, reforçados por
reuniões semanais com outros colegas, para tornar-se uma boa professora
construtivista.
26— Existem cursos que ensinem a ser construtivlsta?
Algumas instituições promovem cursos de
extensão ou especialização, seminários, palestras e reuniões de estudo
com essa finalidade. Mas atenção: nesses cursos não se ensina a
ser construtivista. Neles se discute a prática da professora, de modo
que ela ganhe elementos para encontrar seu próprio caminho, mais ou
menos como depois irá fazer em relação ao aluno.
27 — Quais as vantagens do construtivismo sobre outras linhas de ensino?
Procura formar pessoas de espírito
inquisitivo, participativo e cooperativo, com mais desembaraço na
elaboração do próprio conhecimento. Além disso, o Construtivismo cria
condições para um contato mais intenso e prazeroso com o universo da
leitura e da escrita.
28 — Quais as desvantagens do construtivismo em relação a outras linhas de ensino?
Sendo uma concepção pedagógica nova e
flexível, não oferece à professora instrumentos tão seguros e precisos
com respeito ao seu trabalho diário. Ainda há muito por sistematizar,
admitem os construtivistas.
29 — As outras linhas de ensino não podem formar alunos tão bem ou mesmo melhor que o construtivismo?
Em termos de quantidade de conhecimento,
sim. Quanto à qualidade do conhecimento, dificilmente, pois o
construtivismo desperta no aluno um senso de autonomia e participação
que não é comum em outras linhas pedagógicas, sustentam os construtivistas.
30 — O construtivismo forma o estudante com mais ou menos rapidez que outras linhas de ensino?
O construtivismo não dá exagerada
importância a prazos rígidos. Na alfabetização construtivista, estima-se
que um aluno do meio rural, que nunca viu nada escrito, precisa de dois
a três anos para chegar a ler e escrever com eficiência. Já no meio
urbano, um aluno de 7 anos, que convive intensamente com a escrita, leva
algo em tomo de um ano e meio. Comparativamente, no ensino
convencional, a maioria das crianças é capaz de soletrar e formar
palavras em um ano – o que os construtivistas, contudo, não consideram
alfabetização
31 — Como a escola
construtivista lida com a ansiedade de pais que percebem seus filhos
atrasados em relação a crianças de outras escolas?
Aproximando os pais da escola, tenta-se
demonstrar a eles quais as diferenças desta nova concepção de trabalho,
comparando-a com o ensino tradicional. Pode não se tratar propriamente
de um atraso, no sentido de deficiência no aproveitamento, mas de um
outro ritmo de aprendizado que, ao final do ano, vai resultar numa
vantagem qualitativa.
32-Um aluno formado
exclusivamente dentro dos moldes construtivistas pode competir em
igualdade de condições em vestibulares e concursos públicos?
A resposta é arriscada, pois ainda há
muito poucos alunos formados exclusivamente pelo construtivismo em idade
de vestibular e não há pesquisas conhecidas a respeito.
33 — O construtivismo permite que os pais ajudem os filhos nas tarefas de casa?
Ponto polêmico. Alguns admitem que sim:
se o jeito de ensinar dos pais for diferente do da escola, a criança tem
a vantagem de dispor de outra forma de aprender. Outros, contudo,
sustentam que a tarefa de casa é para ser realizada pelo aluno. A
vantagem, aí, seria ele ter chance de experimentar uma situação rara
para ele na escola, uma vez que a maioria das atividades em classe é
realizada em grupo.
34 — Como é a avaliação do aluno no construtivismo?
O aluno é
permanentemente acompanhado, pois a avaliação é entendida como um
processo contínuo, diferente do sistema de provas periódicas do ensino
convencional. Segundo os construtivistas, a avaliação tem caráter de
diagnóstico – e não de punição, de certo ou errado, de exclusão. Além
disso, a própria professora também se auto-avalia e modifica seus rumos.
35 — Em que difere a prova construtivista?
Ela tem peso menor que no ensino
tradicional. Não é o único indicador do rendimento do aluno, que também é
avaliado pelo desempenho rotineiro em classe. Além do mais, a prova não
é uma peça estranha ao grupo, elaborada fora da sala de aula, por um
especialista (geralmente um coordenador). Tal responsabilidade cabe à
própria professora, que leva em conta aquilo que já foi efetivamente
trabalhado na sala de aula.
36—O que significa o erro do aluno?
É tomado como um valioso indicador dos
caminhos percorridos por ele para chegar até ali. A professora não está
tão preocupada com o acerto da resposta apresentada pelo aluno, mas
sobretudo com o caminho usado para chegar a ela. Em vez de ser um mero
tropeço, o erro passa a ter um caráter construtivo, isto é, serve como
propulsor para se buscar a conclusão correta.
37 — O construtivismo não corrige o erro do aluno?
Corrige, mas sempre tomando o cuidado de
que a correção se transforme numa situação de aprendizagem, e não de
censura. Por exemplo, no início do ano a professora pede aos alunos que
escrevam um texto e guardem o material corrigido. No fim do ano, pede
uma nova redação sobre o mesmo tema. Então, junto com os alunos. compara
os dois trabalhos, ressaltando os progressos ocorridos. No ensino
tradicional, o erro deixa menos vestígios no caderno do aluno, pois é
corrigido, apagado, à medida que aparece.
38—O construtivismo reprova?
Sim, quando o aluno se encontra em tal
atraso em relação ao resto da turma, que fazê-lo passar de ano seria
lançá-lo numa situação muito desagradável. De qualquer modo, tenta-se
evitar que a criança viva a reprovação como um atestado de sua
incapacidade ou como castigo por não ter aprendido.
39 — Os alunos transferidos de uma escola construtivista para outra, não-construtivista, acompanham mal a nova turma?
Os construtivistas não reconhecem a
existência deste fenômeno, mas especulam que poderia tratar-se de uma
pura e simples questão de adaptação, e não de despreparo. Os alunos
podem achar a nova escola desinteressante, não gostar da postura da
professora ou estranhar os métodos de avaliação.
40 — O aluno educado no construtivismo é mais sujeito a cometer erros do português?
No inicio do construtivismo isso ocorria
com freqüência. porque os professores se preocupavam mais com o
conteúdo do texto do que com a ortografia – falha que passaram a
corrigir nos últimos cinco anos.
41 — Por falta do treinamento motor (prontidão), as crianças alfabetizadas no construtivismo acabam fracas de caligrafia?
O construtivismo sustenta que não, pois o
treinamento delas se faz à medida que vão escrevendo. Algumas escolas
chegam ainda a lançar mão do velho caderno de caligrafia, como no ensino
tradicional, quando a criança tem letra ruim.
42 — O construtivismo desestimula a competição entre os alunos?
Sim, pois uma de suas linhas mestras
repousa justamente na cooperação entre eles. No entanto, mesmo pondo de
lado a competição, o construtivismo investe no desafio pessoal, como
motivação para a criança ir sempre avante nas trilhas do conhecimen
43 — A sala de aula numa escola construtivista é mais barulhenta e agitada do que na tradiconal?
Em termos. O que ocorre é que as crianças não são passivas. mas sim estimuladas a participar, dizem os construtivistas
44 — As crianças não tendem a
ficar indisciplinadas, malcriadas e incapazes de ouvir o outro, em
consequência de uma educação construtivista?
Caso elas tendam à indisciplina e ao desrespeito
a outra pessoa, seja colega ou professor, terá falhado um dos pilares
do construtivismo, argumentam seus praticantes, pois o que se enfatiza é
justamente a reciprocidade na fixação de regras, no escutar e no ouvir,
nos direitos e deveres, nos princípios básicos da cidadania e da
democracia.
45 — O professor construtivista deixa os alunos fazerem o que bem entendem em classe?
Não. A sala de aula é um espaço com
regras de funcionamento e de convivência. O superliberalismo pedagógico
destoa das concepções do construtivismo.
46 — O construtivismo pune alunos indisciplinados?
Sim, porém o caráter dessa punição,
dentro do possível, deve ser, digamos, “construtivo” – deve buscar a
reciprocidade e a reparação. Por exemplo, se uma criança rasga um livro,
deve consertá-lo. De todo modo. em casos mais graves, admite-se até a
tradicional suspensão.
47 — Como o construtivismo se espalhou?
As bases teóricas foram estruturadas na
primeira metade deste século, com Piaget e os psicólogos soviéticos,
entre os quais Lev Vygotsky é o mais divulgado no Brasil. As pontes para
a prática pedagógica se consolidaram com Emilia Ferreiro e seus
colaboradores, a partir do final da década de 1970. Na década seguinte, o
construtivismo se disseminou na América Latina, principalmente na
Argentina e no Brasil. As experiências brasileiras mais expressivas
foram registradas nas redes municipais de Porto Alegre e de São Paulo,
assim como no ciclo básico (as duas primeiras séries) da rede estadual
paulista.
48 — O construtivismo passou por mudanças desde que começou a ser adotado no Brasil?
Sim. A fase inicial, em que o aluno
era deixado muito solto, como se a professora não estivesse na sala de
aula (prática espontaneísta). está superada. Hoje se quer do professor
uma atuação firme e planejada (prática intervencionista). No geral,
contudo, o núcleo pedagógico do construtivismo permanece inalterado.
49 — A interdisciplinaridade tem alguma relação com o construtivismo?
Sim, embora a interdisciplinaridade seja
uma prática pedagógica autônoma e anterior ao construtivismo. Como
nenhum professor, por mais ampla que seja a sua formação, pode dominar
todos os conhecimentos envolvidos na tarefa de lecionar, o trabalho
interdisciplinar é recomendado para todo e qualquer nível.
50— É feio não ser construtivista?
Não, absolutamente. Feio é não ser
autêntica e não se preocupar em dar o melhor aos alunos, seja de si
mesma. seja das múltiplas áreas do conhecimento. Feio, enfim, é ser má
professora.
FREFERÊNCIA
Psicogênese da língua Escrita,
de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky. Ed. Artes Médicas, Av. Jerônimo
Ornellas. 670. CEP 90040-340. Porto Alegre. RS. Tel: (051)
330-3444/330-2183
A Escrita e a Escola, de Ana Maria Kaufman. Ed. Artes Médicas.
Alfabetização em Processo, de Emilia Ferreiro. Ed. Cortez. R. Bartira. 387. CEP 05009-000. São Paulo. SP. Tel: (011) 864-0111.
Ensaios Construtivistas, de Lino de Macedo. Ed. Casa do Psicólogo. R. Alves Guimarães, 436, CEP 05410-000. São Paulo, SP, Tel: (011) 852-4633.
Aprendendo a Escrever: Perspectivas Psicológicas e Implicações Educacionais, de Ana Teberosky. Ed. Ática. R. Barão de Iguape. 110. CEP: 01507-900, caixa postal 8656, São Paulo, SP. Tel: (011) 278-9322.
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Projeto Interdisciplinar - uma necessidade urgente nas escolas
1. Definição do tema
Escolha do tema que
será o fio condutor do projeto: folclore, ecologia, trabalho, higiene pessoal,
algum tema transversal, algum fato da atualidade, alguma personalidade
etc.
O tema é escolhido
pelo professor, tendo em vista os objetivos didáticos e os conteúdos a serem
trabalhados. Isso não impede que os alunos tenham participação ativa, pois
precisam estar interessados em desenvolver o projeto proposto e devem colaborar
no planejamento e decisões subseqüentes.
2. Necessidade
É essencial que o
professor conheça a fundo as necessidades de aprendizagem de seus alunos para
chegar a uma definição de porque trabalhar este ou aquele tema. Essa etapa
refere-se às razões que justificam o objetivo e o próprio conteúdo que estará
sendo trabalhado. Refere-se aos antecedentes, causas e importância da
situação que motivou o projeto.
É conveniente
levantar os benefícios e vantagens que derivam da proposta, bem como suas
desvantagens e limitações.
3. Objetivos
O que se pretende
alcançar com o conjunto de atividades que constituem o projeto e como o tema se
liga ao programa curricular. É necessário que o professor defina claramente as
competências que espera que os alunos desenvolvam e os conhecimentos que
permitirão essa conquista. Os objetivos subjacentes ao projeto determinam o
tipo, a quantidade e o nível de informação a ser priorizado.
Compete ao
professor garantir a fluência de todo o processo, favorecendo a emergência de
um clima de colaboração, integração e respeito entre as equipes. Além disso,
cabe-lhe perceber se a equipe está madura o suficiente para tomar decisões
autônomas ou se necessita de seu monitoramento.
4. Abrangência
Definição das
matérias e conteúdo que estarão envolvidos no projeto, que pode ser ou não
interdisciplinar.
5. Metodologia
Definição de como
cada professor irá trabalhar o tema em sua disciplina. No caso de um projeto
interdisciplinar, é conveniente que essa decisão seja compartilhada pela equipe
de professores e que alguns combinados fiquem estabelecidos para que haja
integração e harmonia de atitudes. Especificação das principais atividades a
serem realizadas, tais como entrevistas, visitas a museus, desenhos de
observação, leitura de textos e imagens.
6. Cronograma
Definição de datas
de leitura do livro paradidático, trabalho de campo, pesquisas, provas ou
outros métodos de
avaliação.
É conveniente que
os alunos aprendam a elaborar um cronograma com objetivos parciais a serem
atingidos e que conduzam ao objetivo final.
7. Recursos
Levantamento dos
recursos materiais requeridos para levar avante o projeto, em especial, os
fundos necessários. Qual será o custo do projeto para a escola? Relação dos
equipamentos, instalações, maquinaria, veículos etc.
Levantamento dos
recursos humanos necessários, como por exemplo um analista, um redator etc.
Aqui entram palestrantes, guias para trabalhos de campo e outros.
Deve-se mencionar
também se as pessoas solicitadas são por tempo integral ou parcial, assim como
os serviços de apoio administrativo, técnico, legal, financeiro etc. É
importante que se registre com clareza o nome do(s) responsável(s) pelo
projeto.
8. Introdução do projeto
Momento em que o
professor, aproveitando-se de uma dúvida, desejo, problema ou curiosidade dos
alunos, introduz as idéia do projeto, salientando a importância do trabalho
coletivo. Momento em que motiva as crianças, desafiando-as a buscarem soluções
para os problemas emergentes, concretos e significativos para os alunos, sejam
eles resultantes de velhas ou de novas questões.
9. Desenvolvimento
Partindo de
situações concretas e contextualizadas que interessem aos alunos, há que se
discutir e planejar as estratégias, bem como distribuir tarefas e
responsabilidades. Esta é a etapa da formação dos grupos, realização dos
trabalhos de campo, reuniões e discussão do formato das apresentações.
É o momento em que
realmente se aprende por meio do levantamento de dúvidas, da busca e seleção
das informações, do fazer, do convívio e das trocas, das negociações e tomadas
de decisão.
É fundamental que
o professor compartilhe com as crianças, de uma aprendizagem com sentido. Os
alunos devem ter a oportunidade de imaginar uma ação, traçar um plano para
concretizá-la em um certo período de tempo e desenvolver o planejado,
controlando as variáveis do processo até a consecução da meta.
É importante que
haja um registro do projeto, quer por meio de fotos, filmagens ou registros
escritos.
10. Avaliação
O ideal é
aproveitar a própria situação de aprendizagem para se proceder à avaliação. O
melhor é não criar situações artificiais, mas é possível verificar o nível do
conhecimento atingido por meio da realização de avaliações formais
(provas) ou de peças teatrais, produções audiovisuais e trabalhos que
devem ser apresentados por grupos de alunos. É importante que a avaliação se dê
no início, durante o desenvolvimento dos trabalhos (pela análise dos objetivos
parciais, corrigindo os erros resultantes do planejamento ou do próprio
processo) e no final do projeto. A avaliação pode também ser realizada
individualmente para que o aluno tenha um retorno de sua evolução durante o
processo
11. Auto-avaliação
Alunos,
professores e supervisores de ensino analisam os pontos positivos e negativos
da experiência, sugerindo mudanças e repensando temas, metodologia, provas
etc.
O sucesso de um
projeto está na razão direta do índice de aprendizagem alcançado pelo grupo nas
situações vividas, quer em relação aos procedimentos, às informações e
conhecimentos, às atitudes e valores.
terça-feira, 4 de junho de 2013
Um olhar sobre o pedagogo escolar
Desde que houve, por parte da classe e do governo, a efetivação do pedagogo como componente da equipe escolar na rede pública do Paraná, vem se discutindo o seu papel e as implicações de sua atuação na rotina escolar. Muito se diz, e vem sendo dito, sobre as incumbências do pedagogo na escola.
Ocorre que, muitas vezes, o pedagogo tem uma formação inicial deficitária, haja vista que, por meio de pesquisas institucionais, constatou-se que boa parte dos estudantes de Pedagogia tem histórico de fracasso escolar. E estes estudantes concluem o curso e acabam atuando nas escolas de Ensino Fundamental e Médio. E muitas vezes esta atuação é capenga, fragmentada, dissociada de fundamentação teórica consistente.
Noto, em meu cotidiano, que existem pedagogos que nem sequer possuem noção de aspectos básicos da pedagogia para uma atuação adequada. Em encontros de pedagogos (reuniões técnicas, jornadas pedagógicas, formação continuadas, entre outras) ainda impera o senso comum, os discursos fofoqueiros de temas referentes a alunos e professores, as reclamações da falta de estrutura para trabalhar, as queixas da falta de condições mínimas, o acúmulo de tarefas e, consequentemente, por faltar espaço de tempo, a dificuldade em manter uma discussão teórica sem cair no espontaneísmo.
Deste modo, a equipe pedagógica da escola acaba não “resgatando” o trabalho, nem constituindo a sua identidade. Quero dizer que, por haver deficiência na formação, os profissionais desconhecem realmente quais as atribuições e competências do pedagogo. Preferem as amarguras da profissão e as lamúrias de rotina desgastante, do que realmente fortalecer a dinâmica de trabalho desse profissional.
Percebo que é recorrente no discurso de pedagogos a expressão “apagar incêndio” para ilustrar a rotina de seu trabalho. Considero interessante e necessário que haja uma definição adequada para essa expressão, uma vez que muitos pedagogos constituem sua identidade profissional “apagando incêndio”, justamente por não conseguirem realizar de fato as atribuições que cabem a ele.
Poderíamos conceber um perfil de pedagogo somente analisando as atividades “apaga incêndio” e isso demonstraria a falta de posicionamento ético profissional coerente e adequado. Por isso, junto com respeito e profissionalismo, é fundamental o reconhecimento e o fortalecimento de nossa identidade como articuladores dos aspectos pedagógicos e humanos, trazendo clareza da nossa função e dando a devida importância para a nossa atuação.
Sabe-se que o papel do pedagogo escolar (da equipe pedagógica) é bastante claro e substancial na legislação toda referente a esse profissional. Quando se observa nas escolas públicas do Paraná, nota-se a presença do pedagogo em todas elas. E, se perguntamos para qualquer diretor, se haveria possibilidade de administrar a escola hoje, sem o pedagogo, certamente ouviremos a resposta “não”. Pois bem, a reflexão que se torna necessária é: a quem está servindo as ações do pedagogo que não são, a priori, de sua alçada? Afinal, é grande a quantidade de tarefas outorgadas ao pedagogo para as quais não é necessário ter formação em pedagogia para resolvê-las. São as ações “apaga incêndio” que impedem ou dificultam a atuação referendada em posicionamento profissional adequado.
Como se sabe, o trabalho do pedagogo está pautado nos princípios da gestão democrática e participativa, tendo como referencial teórico a ética profissional, a autonomia da escola, a atitude investigativa, a formação continuada e a escola como ambiente educativo. Desse modo, é importante estabelecer no interior da equipe pedagógica, elaborada por todos os seus membros, uma organização do trabalho pedagógico que fortaleça a ação profissional e crítica.
No caso da minha experiência, na escola em que atuo (Colégio Professor Francisco Zardo – Ensino Fundamental, Médio e Profissional, em Curitiba), na qual somos uma equipe com 10 pedagogos, organizamos o Plano de Ação da Equipe Pedagógica baseados nos seguintes itens:
1.Construção do projeto político-pedagógico,
2. Implementação do trabalho pedagógico no coletivo da escola (organização do espaço e tempo escolar e da prática pedagógica),
3. Formação continuada do coletivo de profissionais da escola,
4. Relações entre a escola e a comunidade e
5. Avaliação do trabalho pedagógico
A partir dessa organização,
detalhamos e distribuímos as tarefas do cotidiano, sendo cada pedagogo
responsável e referência para cada um dos aspectos do Plano.
Desse modo, articulamos a teorização, análise e planejamento, com as ações de rotina, “apaga incêndio” e imprevistos.
Enfatizamos sempre a linguagem em comum e as ações para os 03 turnos da escola e, para manter a unidade de discursos e ações, nos reunimos toda terça-feira, das 17h30 às 19h, juntamente com a direção e secretária (que registra em ata) para discutirmos e definirmos as ações da semana e do bimestre. Nesses encontros, definimos as ações de Conselho de Classe, Reunião de Pais, eventos da escola, Pautas de encontros pedagógicos com os docentes, partilha de experiências, organização do calendário bimestral, levantamento de soluções para os problemas pontuais, etc. Temos uma dinâmica própria do grupo, na qual cada membro assume as responsabilidades e definição sua ação juntamente com seus pares. Desde o ano 2009 temos essa prática, a qual tem contribuído grandemente para fortalecer a identidade e ações dos pedagogos na escola.
Historicamente, o pedagogo sempre buscou seu “lugar ao sol”, carecendo ainda de inúmeras ações para realmente provar a que veio.
Notamos, com certa angústia, o quanto nosso trabalho fica fragilizado e fragmentado por perceber que as teorias de organização do trabalho pedagógico ainda são baseadas num modelo ideal de educação.
Infelizmente, as dores da prática na escola pública, deixadas de lado por serem senso comum ou simplistas, estão aí, conectadas há anos na pele da pedagogia, sem a devida importância. Por isso, acaba que não realizamos uma função para a qual temos formação, e assumimos, pouco a pouco, a insensatez da realidade que retrata e reproduz na escola a tragédia social que vivemos. Ainda bem que, pelo menos, temos espaço para partilharmos e buscarmos alternativas para construir realmente a nossa identidade.
Evidentemente, trabalhar em equipe grande é bem interessante. Há grandes desafios, como consensuar determinadas questões e cuidar para a linguagem em comum aconteça. Afinal, como somos em 10 pedagogos, somos também uma multiplicidade de idéias, de interesses, de posicionamentos, de direcionamentos, de preferências. Porém, as discussões e os acordos fazem com que tenhamos uma unidade de ação e, assim, organizamos tudo para fazer o trabalho pedagógico deslanchar como tem de ser. Nossos encontros às terças-feiras contribuem muito para isso.
Trabalhar sozinho é bem puxado e desgastante. Mesmo a escola sendo pequena, as obrigações de pedagogo devem ser cumpridas. Sendo sozinho, realmente o trabalho fica bem extenuante; ainda mais se tiver que cumprir outras funções. Acaba sendo um trabalho solitário. E seja como for, é sempre bacana ter por perto um companheiro para trocar ideia e tomar juntos a decisão nalgum caso com aluno, professor, família, etc. Já trabalhei em escola pequena, quando ainda residia no interior, e sei muito bem essa realidade de escola pequena. De qualquer forma, vale mesmo a postura clara e o trabalho sério do pedagogo para implementar as melhorias em nossas escolas.
Ao longo dos anos que venho atuando na rede pública, tenho tido a preocupação de, por meio da minha ação pedagógica, melhorar a escola nos seus aspectos de ensino aprendizagem. Há um discurso recorrente de que a educação pública está péssima (e em alguns pontos tem razão), mas não posso ficar concordando com isso e não fazer nada. Por isso, juntamente com a equipe da qual faço parte, definimos bem onde estamos e aonde queremos chegar, com o fim principal de melhorarmos nossa escola e, consequentemente, nosso ambiente de trabalho.
Temos uma série de desafios e problemas em nossa escola, mas temos conseguido superar muitos deles, dentre os quais os de violência, de drogas, de pichações e de indisciplina (ainda que existam, porém em escala menor que no passad recente). Ainda temos muito que melhorar, e o trabalho sério que temos empenhado tem contribuído para nosso maior entusiasmo para enfrentar a rotina. E é claro, o planejamento e a clareza de ações são a chave para que nosso trabalho seja percebido com o devido valor.
Como na minha escola somos 10 pedagogos, cada um com suas idéias, interesses, posicionamentos, direcionamentos, preferências, nos reunimos semanalmente para reforçar nossa unidade. Para melhorar nossa comunicação, temos o mural dos professores e da pedagogia, os e-mails e um blog, no qual publicamos informações que é para todos: conselho de classe, reunião de pais, atividades com alunos, textos de assuntos da pedagogia, notícias da escola ente outros. O blog é o www.pedagogiazardo.blogspot.com.
Por fim, sendo o pedagogo escolar o profissional que domina as formas de organização dos conhecimentos constituídos historicamente e possibilita, por sua ação clara e coerente, o acesso à formação cultural e social, então nos resta fortalecer, enquanto equipe pedagógica, a identidade e as ações detalhadamente descritas no Plano de Ação da Equipe Pedagógica da Escola.
Com isso, fica a certeza de que um trabalho coeso, sério e ético possibilita que nos tornemos agentes ativos na construção de uma escola melhor, aonde todos fazem a sua parte e, somadas, essas partes colaboram para sermos mais felizes no trabalho.
(Alexandro Muhlstedt – Pedagogo do Colégio Francisco Zardo)
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