O
programa Mais Educação chegou em nossa escola como o salvador da pátria. A
escola recebeu uma verba para comprar materiais pedagógicos e contratar
monitores. As oficinas foram compostas de até 30 alunos de séries diversas e os
funcionários também tiveram que fazer uma reorganização em seus horários para
atendimento no programa.
O Programa
Mais Educação atende, prioritariamente, escolas de baixo IDEB, marcados por
situações de vulnerabilidade social que requerem a convergência prioritária de
políticas públicas e educacional.
Considera-se o
objetivo de diminuir as desigualdades educacionais por meio da jornada escolar.
Recomenda-se adotar como critérios para definição do público, os seguintes
indicadores:
– estudantes que estão em
situação de risco, vulnerabilidade social e sem assistência;
– estudantes que congregam seus
colegas – incentivadores e líderes positivos (âncoras);
− estudantes em defasagem
série/idade;
− estudantes das séries finais da
1ª fase do ensino fundamental (4º / 5º anos), nas quais há uma maior evasão na
transição para a 2ª fase;
− estudantes das séries finais da
2ª fase do ensino fundamental (8º e/ou 9º anos), nas quais há um alto índice de
abandono;
− estudantes de séries onde são
detectados índices de evasão e/ou repetência.
A escola até
que tenta fazer deste projeto algo que talvez possa mudar e/ou melhorar a
aprendizagem, a defasagem escolar a inclusão, etc. contratando e orientando
jovens adolescentes, para monitoria dos projetos. Até ai nada de errado. Agora
pensem comigo. Se um professor formado tem muitas dificuldades de trabalhar o
seu conteúdo/série em sala de aula, com turmas de até 25 alunos, imaginem um adolescente
sem formação acadêmica ainda, dar conta de uma oficina de letramento ou
matemática, com turmas de até 30 alunos e de séries diferentes e os monitores
tem que trabalhar essas oficinas de maneira diferente que o professor, tendo
que ajudar o aluno que em sala de aula tem dificuldades, porque o projeto assim
determina: diminuir as desigualdades
educacionais.
O projeto
seria perfeito se os monitores fossem professores aposentados e/ou estudantes
de licenciaturas, e recebessem o valor digno ao trabalho que seria efetuado e
centrado totalmente na defasagem da aprendizagem.
“Você finge que ensina e eu finjo que
aprendo”. É como tenho percebido o andamento deste projeto no que diz respeito
a letramento e matemática. Muito desgaste. Na escola o projeto é chamado de
mais bóia, mais bagunça, mais incomodo. É claro que tudo ainda esta no inicio e
estamos aprendendo. Eu digo estamos porque, todos na escola estão envolvidos
neste projeto. Os funcionários agora estão dando aula, quando o professor não
vem é um funcionário que da aula e alguns até tem turmas do mais educação, só não pode receber como monitor pois tem
vinculo com a escola, patético. Mas estamos todos engajados neste projeto e
torcendo para que de certo.
O alunado, no
geral, não quer aprender. Essa é a maior dificuldade, que eu percebo, pois eles
não vislumbram nada diferente do que vivem. Seus pais também não vêem algum
futuro diferente para seus filhos. A maioria só não quer que eles sejam
bandidos e drogados. Qual pai não quereria isso? Todos tememos isso com nossos
filhos. Mas o governo, a escola e os professores querem mais para eles.
Queremos que a sua aprendizagem vá alem do ler e escrever. Que ele perceba que
é possível ir além do que seus pais foram, e que para isso precisam se esforçar
e querer. Que a escola, os professores, os funcionários e o governo tentam
fazer sua parte, mas esbarram no desinteresse dos alunos e pais. Se o programa
vai ser bom ou não ainda não sabemos, mas todas as tentativas são válidas
quando se trata de educação.